Mauro Silper




Quietude íntima
asm
2014 - 80 x 130


Currículo Resumido

(1948, Teófilo Otoni/Minas Gerais), artista plástico brasileiro, reside e trabalha em Belo Horizonte, MG, Brasil. Tem seu foco de atuação e linguagem na pintura, com a qual desenvolve uma paisagem contemporânea autoral.

 

A observação do mundo ao seu redor, especialmente os elementos da natureza, a pesquisa constante das técnicas e temas, o estudo da história da arte e a formação de uma biblioteca particular, além de visitas a museus, galerias de arte e ateliês de artistas impactaram na construção de sua linguagem e identidade artística próprias, caracterizadas pela sinceridade expressiva, sobriedade de estilo, fluidez dos traços e das cores, simplicidade formal e dinamismo próprio pela combinação de planos e linhas.

 

A temática pictórica é influenciada pelas paisagens montanhosas, marítimas e  vivências nas metrópoles onde residiu. Sua linha de trabalho é conduzida pelos elementos que compõem os cenários urbanos e naturais e sua conexão com o homem, remetendo às memórias e fatos vivenciados. A poética visual possibilita abarcar aspectos da complexa relação do ser humano com a natureza e sua influência no meio ambiente. A pintura é seu testemunho e a natureza  sua referência, uma inspiração constante.

O talento pelo desenho surgiu cedo, ainda na infância e foi se aprimorando com o tempo, estimulado na adolescência, pelas disciplinas desenho artístico e educação artística  cursadas no colegial, em Belo Horizonte. Em 1966, aos 18 anos começou a experimentar as primeiras incursões na pintura, elegendo o óleo sobre tela como técnica e a paisagem como gênero. Mais tarde, adotaria a acrílica e o guache sobre suportes variados, como tela, painel rígido, papel canson e papel cartão. Frequentava exposições, festivais de cinema, happenings, agitações culturais diversas e tudo que envolvesse o cenário cultural da cidade. As visitas a exposições que realizava todas as vezes que aconteciam na cidade, aprimorava seu olhar. Uma dessas, a exposição "Telhados de Ouro Preto" do pintor e ilustrador modernista Carlos Scliar o encantou. A ordenação dos volumes das edificações feitas com um pincel firme e alma sensível, os traços suaves que chegavam quase a abstração, toda aquela técnica inovadora repercutiu em seu trabalho. O encontro com o artista possibilitou-lhe a participação em um curso de pintura ministrado por ele, transformando o pintor em referência para sua obra.  Aquela experiência ecoou intimamente de tal forma que decidiu se tornar um artista plástico profissional.

 

Na década de 1970, viveu por dois anos em Nova Iorque nos Estados Unidos, cidade que respirava os ares da contracultura,  onde estabeleceu-se na região considerada underground do Greenwich Village, o que lhe permitiu conhecer  ateliês de artistas emergentes, incentivando os estudos autodidáticos e a criação de trabalhos diversificados. As experiências eram compartilhadas frequentemente na Washington Square com muitos artistas do movimento hippie. Retornando ao país, transitou pela produção de eventos corporativos, ao mesmo tempo em que desenvolvia suas habilidades com a fotografia, mantendo a pintura como atividade essencial em seu cotidiano. Nesse ocasião, foi convidado a realizar sua primeira exposição, em 1977, em Barbacena, Minas Gerais, conhecida como "Cidade das Rosas", durante a tradicional Festa das Rosas e Flores.

A graduação em Direito deu-se entre 1980 e 1984, contudo, pouco tempo  dedicou profissionalmente às leis, uma vez que a vocação pela arte fez-se mais manifesta. Durante os anos de 1980 a 1990, envolveu-se na área do turismo, realizando empreendimentos no sul da Bahia, fascinado pela paisagem natural litorânea. Não obstante, manteve suas atividades artísticas que se mesclavam ao projeto turístico. Simultaneamente, dedicou-se a atividades correlatas às artes plásticas abrangendo as artes gráficas e a fotografia, tendo realizado trabalhos artísticos comissionados para numerosos clientes corporativos, como Banco do Brasil, Precon Engenharia e Banco Rural, além de institucionais, como a Prefeitura de Belo Horizonte.

Realizou viagens aos Estados Unidos e a vários países europeus nos quais conheceu diversos museus, como The Metropolitan of Art (Nova Iorque/USA), Louvre e D’Orsey (Paris/França), Prado e Reina Sofia (Madri/Espanha), Fundação Joan Miró (Barcelona/Espanha), Museu Van Gohg (Amsterdam/Holanda), entre outros, fundamentais para o aprimoramento de conhecimentos e incorporação de novos valores estéticos.

 

A partir dos anos 2000, passou a se dedicar exclusivamente ao ofício da pintura. Desde então, a trajetória artística projetou-se progressivamente, respaldada pelas realizações de exposições individuais, participações em mostras coletivas, feiras de arte, além da conquista de alguns prêmios, como no XIX Salão Brasileiro de Belas Artes de Ribeirão Preto (2010) e na Associação Paulista de Belas Artes (2009 e 2010), ambos no estado de São Paulo. A maior abrangência no cenário artístico brasileiro rendeu-lhe premiações recentes, que aconteceram nas edições de 2016 e 2018 da Bienal das Artes SESC Distrito Federal, com a aquisição das suas obras para integrar a coleção da instituição, em nível nacional.

Nos últimos 20 anos, suas realizações artísticas englobaram 15 exposições individuais, 51 exposições coletivas, 6 prêmios, 6 feiras de arte internacionais, 2 bienais de arte contemporânea, presença em 15 livros/catálogos e uma fortuna crítica apoiada em aproximadamente 30 textos de críticos de arte e curadores.

 

Dentre as exposições que realizou destacam-se as individuais em Brasília/DF, Quietude Íntima no Centro Cultural da Câmara dos Deputados (2015); em Belo Horizonte/MG, Luminescências no Espaço Cultural Vallourec (2015), Pinturas de Mauro Silper - Pinacoteca MHAB, no Museu Histórico Abílio Barreto (2013) e Intracenas na Galeria de Arte Beatriz Abi-Acl (2012). No exterior, expôs na Colorida Art Gallery em Lisboa, Portugal (2014). Coletivamente, distinguem-se mostras nos museus Inimá de Paula (2015 e 2013) e de Artes e Ofícios (2011). Participou ainda de feiras de arte contemporânea em São Paulo/SP (P/ARTE), Rio de Janeiro/RJ ( ARTIGO) e Belo Horizonte (ARTEBH). Além de estarem expostas em galerias de arte, que o representam no Brasil e em Portugal, suas obras integram coleções particulares e institucionais, como a do Museu da Câmara dos Deputados em Brasília, do Museu Histórico Abílio Barreto em Belo Horizonte e da France Libertés, Fondation Danielle Mitterrand em Paris (França).

 

Sobre sua obra escreveu Rogerio Zola Santiago, mestre em Crítica de Arte pela Indiana University (USA): "Em Mauro Silper, a natureza quase sobrepuja a fragilidade de seres sempre à espera do barco, do fado, do encaminharmo-nos em vagões e trilhos... O insinuado “devoramento” do humano pela paisagem não se concretiza, pois Mauro Silper pinta esperança na colocação filosófica grega do homem numa contextura que sugere a tênue posição na relação com o ambiente, na possibilidade do cataclismo, em suposta lassidão, mas, em implícita vitória. A Arte nos redime (universalmente) na compensação estética do caos sublimado em beleza no qual Silper se desloca, trafega, e nos leva, em abandono inexorável". (Fragmento do texto publicado na Revista Exclusive, edição agosto/2019, Mauro Silper: vitória da delicadeza surreal: Prêmio aquisição em duas Bienais de Brasília.) 

O historiador da arte e artista plástico Miguel Gontijo destaca: "Silper é irmão de Eckhout, de Frans Post, perdido no futuro dos tempos, a examinar nossa terra com outros olhos viajantes. Ele possui o desejo de encontrar no coração do mundo da realidade e da sacralidade, a condição sobre-humana existente na paisagem que o cerca. Suas pinturas deixam refletir uma espécie de suma na qual se condensa e atualiza toda a pintura de paisagem que antes dele se fez. Seu trabalho parece encerrar o drama do artista antigo, medieval e moderno, do qual todos nós descendemos. Enfim, existe entre a sua alma e a paisagem uma relação estreita que sobrevive no sopro da poesia. Nos seus quadros as coisas mais naturais estão envolvidas numa névoa mágica. São lugares em que não se vive: estão reservados ao êxtase". (Fragmento do texto Rondó que integra o catálogo da exposição Luminescências, pag. 18, Espaço Cultural Vallourec, Belo Horizonte/MG, abril/2015).



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