Pintor, gravador, ilustrador, desenhista,
vitralista e professor.
Gradua-se na Escola Nacional de Engenharia do
Rio de Janeiro, em 1948. No ano seguinte estuda desenho e pintura com Henrique Boese (1897
- 1982). Entre 1950 e 1951, trabalha como desenhista no escritório do arquiteto Oscar Niemeyer (1907).
Em 1951, viaja para Paris, onde freqüenta as academias La Grande Chaumière e
Julian. Em sua estada na capital francesa entra em contato com as obras de Pablo Picasso (1881
- 1973), Joán Miró (1893 - 1983), Henri Matisse (1869 - 1954) e Georges Braque
(1882 - 1963). Retorna ao Rio de Janeiro em 1953 e freqüenta o ateliê de Iberê
Camargo (1914 - 1994) para estudar gravura em metal tornando-se mais tarde, seu
assistente. Leciona desenho e pintura na Escolinha de Arte do Brasil, em 1956
e, no ano seguinte, transfere-se para São Paulo, onde ministra aulas de
desenho, pintura e gravura, na Fundação Armando Ãlvares Penteado - Faap, de
1958 a 1963. Em 1964, volta a morar no Rio de Janeiro e publica o álbum de
águas-fortes 25 Gravuras. O artista não se vincula a nenhum movimento
mantendo-se alheio aos debates da época. Sua carreira teve uma breve etapa
pautada no figurativismo, mas logo se encaminha para abstração geométrica. Nos
anos de 1970, aproxima-se das vertentes construtivas, desenvolvendo sua obra a
partir da reflexão acerca de Piet Mondrian (1872 - 1944) e da Bauhaus. Entre
1974 e 1980, ministra aulas de gravura em metal no Museu de Arte Moderna do Rio
de Janeiro - MAM/RJ.
Antes de decidir pela
carreira artÃstica, Eduardo Sued freqüenta de 1946 a 1948 a Escola Nacional de
Engenharia no Rio de Janeiro. Em 1949 inicia formação como artista plástico no
curso livre de pintura e desenho do pintor alemão Henrique Boese (1897 - 1982). De 1950 a 1951 colabora como desenhista de arquitetura no
escritório de Oscar Niemeyer (1907). Com o dinheiro da venda de algumas aquarelas, parte para Paris
em 1951, lá permanecendo até 1953. Durante a estada na França entra em contato
direto com as obras da École de Paris, de Pablo
Picasso (1881 - 1973), Joán Miró (1893 - 1983), Henri
Matisse (1869 - 1954) e Georges Braque (1882 - 1963). Como aluno freqüenta as
Académies Julian e de La Grande Chaumière, que mais do que escolas eram locais
onde os estudantes se expressavam livremente por meio do desenho e da pintura.
De volta ao Brasil, inicia curso de gravura em metal com Iberê Camargo (1914 -
1994), tornando-se mais tarde seu assistente no ateliê. Sobre este contato, o
artista afirma: "Iberê foi um artista sério, dedicado, um modelo para mim".
Eduardo Sued realiza importante produção de
gravuras durante o perÃodo e participa de mostras como a Bienal de San Juan de
Gravura Latino-Americana (1970) e da Bienal Internacional de Gravura (1970), na
Polônia. Em 1956 inicia a carreira de professor de desenho, pintura e gravura
em metal, atividade que abandona 1980. O interesse por grandes áreas cromáticas
e a busca por mais plasticidade levam-no a dedicar-se de forma cada vez mais
exclusiva à pintura em meados dos anos 1960.
Ele acredita na pintura como fazer intelectual,
solitário e meditativo. Por isso, aquele que na visão do crÃtico Ronaldo Brito
"é o grande desinibidor das linguagens abstratas, de origem construtiva,
na pintura moderna brasileira"1 não participa ativamente de nenhum
movimento, mantendo-se ao largo das disputas travadas entre concretos e
neoconcretos nos anos 1950 e também das discussões sobre a nova figuração dos
1960. Sua poética abstrata forma-se pouco a pouco, em diálogo constante e
refletido com a tradição da pintura moderna internacional e brasileira. Após um
breve perÃodo de produção figurativa, Sued conquista já no inÃcio dos anos 1970
o domÃnio seguro da linguagem construtiva a partir da reflexão sobre Piet
Mondrian (1872 - 1944) e a Bauhaus. Contudo, trata-se de um construtivismo
atualizado e não a aplicação imediata dos postulados de artistas do começo do
século XX. Por outro lado, no âmbito nacional, preocupa-se em expandir "a
pintura construtiva brasileira sem perder o conflito produtivo introduzido
pelos neoconcretos", como avaliou o crÃtico Paulo Sérgio Duarte.
Costuma-se apontar a conquista de uma dimensão
pública como a maior contribuição de Sued à pintura brasileira. Em seus
trabalhos consegue superar o caráter intimista que perpassa a obra de alguns de
nossos melhores pintores modernos, como Alfredo
Volpi (1896 - 1988) e Milton Dacosta (1915 - 1988), por exemplo. Sued rompe com a cor local de vestÃgios
figurativos, com o clima rememorativo e pessoal pelo qual é marcado o uso de
elementos geométricos nesses artistas. Em telas de dimensões
"monumentais" para os padrões da história da arte brasileira, projeta
para fora o espaço da pintura através da estruturação precisa, rigorosa e
"impessoal" da superfÃcie da tela em campos variados de cor. Esse
movimento para o exterior se dá tanto em enormes pinturas-painéis quase
monocromáticas quanto em trabalhos que apostam na tensão vibrante entre campos
cromáticos diversos organizados segundo uma geometria "fora dos
eixos", criando um ritmo frenético, em que a superfÃcie plana parece
pulsar.
Nota-se que em mais de 30 anos de produção,
Eduardo Sued não cristalizou sua linguagem abstrata em estruturas
preconcebidas. Para ele, "experimentar é aceitar o desafio da dúvida. Sou
pintor enquanto artista que experimenta". Tal exercÃcio se expressa numa
trajetória que reinventa constantemente seus desafios e soluções. Destacam-se
no conjunto dessa obra as telas, desenvolvidas desde os anos 1980, de vastas
áreas cinzas ou pretas entremeadas de modo preciso por faixas coloridas, num
jogo sóbrio, mas vibrante, de expansão e contenção. Em meados dos anos 1990,
Sued introduz elementos novos em seu trabalho, como a tinta de alumÃnio e
pinceladas espessas e descontÃnuas de modo que a superfÃcie pareça "quase
esculpida", além de retornar à colagem, presente nos anos 1960 e 1970.
Tais composições apresentam uma reflexão acurada sobre as relações entre luz,
superfÃcie, espaço e tempo na pintura, reafirmando mais uma vez a posição do
artista como um constante "desinibidor" na arte brasileira.